Sabem de um livro que lhe cai no colo? Este caiu na troca, por sugestão de livreiro, após não cumprir entrega de encomenda. Contudo, saiu-me melhor que a encomenda, como diz o ditado! Lançamento original em 2012, cativou-me pelo título que prometia e entregou uma qualidade "padrão", mapeando do período babilônico ao Google maps - seria uma metonímia ao próprio tema?!
São 562 pg. que compõe uma maravilhosa obra "quase" acadêmica - o autor é professor londrino, na explicação do surgimento dos signos e significados da cartografia humana. Claro que aprendi que não chamava-se cartografia, mas formou-se como uma ciência: grafias em coordenadas, paralelos e meridianos, relacionamentos com a descoberta de pontos cardeais e das estações da natureza, das forças e correlações políticas e de poder, enfim, da inventividade e engenhosidade humana. Se você gosta de história, será um desfrute!
Um percurso por tantos mapas descritos em seus detalhes criativos e repercussões - da tradição ptolomaica, de al-Idrisi, das culturas chinesa e coreana - com o Kangnido, do mapeamento português e seus segredos náuticos, das triangulações terrestres, das evoluções da ciência e seus instrumentos para além das medidas, com os relevos geográficos, distribuições populacionais, mapas climáticos e os hoje triviais GPS com seu aparato de localização instantânea. Fiquei com muitas marcações neste livro, mas transcrevo apenas um trecho que me tocou, como um sonho descrito no alvorecer da ousadia humana:
"O que dizem, companheiro, para começar, é que, se essa terra fosse vista de cima por alguém, pareceria um desses balões de couro de doze peças de cores diferentes, de que são simples amostras as cores conhecidas entre nós que os pintores empregam. Toda aquela terra é assim, porém de cores muito mais puras e brilhantes ... e em muito maior número e mais belas do que quantas possamos já ter visto."
- Traduzido no texto e transcrito do Fédon, Platão. Algo como disse Thomas Kuhn - uma história da revolução das estruturas para um verdadeiro paradigma!
Boa leitura, multicolor, multicentrada.
Mai/2020. Saudações.
Aprender os detalhes da nossa história sempre com referências geográficas, sobretudo, mapas antigos, facilita muito o entendimento no meu ponto de vista, elucida relevantes motivações para a ocorrência da maioria dos eventos e desperta o interesse do leitor e do estudante. Parabéns pela indicação de leitura!