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Foto do escritorMauro Luiz Kaufmann

Torto Arado. Itamar Vieira Junior.

Um belo romance histórico, duro e realista como foi e ainda é a vida para muitos brasileiros. Uma leitura de mergulho na paisagem de quem descende de cativos negros africanos, abandonados nas veredas do interior brasileiro.



As irmãs Bibiana e Belonísia são os elos centrais de uma corrente de sofrências presentes, que anda do passado ao futuro, percorrido pelas gerações desgraçadas dos escravos libertos e abandonados. Sobrevivendo de escambos, nos esconderijos sem arrimo e da contínua perseguição - da fome, da violência, da exclusão, dos amores e dos afetos verdadeiros.


Os orixás acompanham os viventes em ritos antigos, mas o ambiente molda essa corrente com o peso de terra socada, e seca, e alheia, e de liames espinhentos. Muitas são as necessidades. Muitas são as lutas deste povo brasileiro.


"Chegamos à fazenda há muitos anos, cada um aqui sabe como foi. Essa história já foi repetida muitas vezes. Mil vezes. Muitos de nós, a maioria, posse dizer, nasceram nesta terra. Nasceram aqui, nesta terra que não tinha nada, só o nosso trabalho."

Como li Torto Arado numa mesma 'pegada' com O Avesso da Pele, as histórias de um Brasil antigo e agrário se complementam com a sina da vida em cidade d'O Avesso..., mesmas lutas, segregações e elos - garrote ou algemas, espelhos de uma sociedade cruel e desigual.


É de pensar... como chegamos onde estamos? Onde erramos? E a que ponto seremos capazes de vencer um desvario de poder que se constrói com a violência e o desprezo pelos outros - vizinhos, trabalhadores e colegas de serviço, parentes, educadores e atendentes na pandemia. Cadê o 'diabo do respeito'?!


Saudações. Jul/2021.


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