Nunca se lança ou banha-se no mesmo rio duas vezes, já anunciava Heráclito. E este é um livro que, nas ondas das letras e do imaginário nunca lemos de modo igual, ou extraímos o que antes era palpável! Pois é um livro para releituras.
Li e reli, agora com a versão inglesa que me presenteou o amigo Flávio Siqueira, compreendendo novas nuances na língua 'nativa'. Hemingway é um escritor clássico e esta narrativa está entre suas de topo. Sempre recordo-me dele como uma narrativa objetiva, descritiva de fatos e pouco de sensibilidades. Talvez seja esta sensação de auto-vivência que permite ao leitor estar em águas que envolvam mais a si do que ao escritor? Faz de nós os personagens, nossas identidades? Santiago, o velho, somos nós, saindo ao mar para uma pescaria de obstinados, destinos no horizonte, em águas profundas e revoltas.
"Começou a puxar o peixe para trazê-lo para junto da embarcação e poder passar-lhe um cabo pelas barbatanas e pela boca, e também atar bem a cabeça ao costado. 'Quero vê-lo bem', pensou o velho, 'e tocá-lo e senti-lo. é a minha única fortuna. Mas não é por isso que quero senti-lo. Parece-me que lhe senti o coração quando empurrei o arpão pela segunda vez. Vou trazê-lo agora para junto ao barco e atá-lo forte, passando-lhe um laço pela cauda e outro pelo meio para encostá-lo bem."
Premio Pulitzer em 1953, Nobel de Literatura em 1954, Hemingway tem um prosa universal de quem viveu vidas 'abertas' em um período repleto de disputas e barreiras. Foi à Europa como membro da Cruz Vermelha na Primeira Grande Guerra, cobriu (e aderiu?) a Guerra Civil Espanhola como jornalista, refugiou-se em Cuba, onde batizou um Daiquiri e ajudou a patrulhar a costa para alertar sobre presença de embarcações nazistas. É claro, ficou suspeito de comunismo!
Seja como for que ele viveu e morreu, por suicídio, é escritor e obra de cabeceira.
Saudações. JUN/2020.
Bom dia amigo. Grande iniciativa. Tu é uma pessoa de muito talento e sensibilidade. Já estou seguindo as sugestões de leituras.!!! Parabéns
Oi, Mauro, parabéns pela brilhante iniciativa do blog! Agora poderemos também ter acesso às tuas sugestões de leituras e, sobretudo, aos comentários tão relevantes baseados nas tua experiência valiosa e incontestável sobre diferentes autores. O Velho e o Mar! Por momentos, resgatei a visita que fiz à residência de Ernest Hemingway em Key West, na Flórida, onde ele escreveu Adeus às armas.