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Telas na pandemia

  • Foto do escritor: Nardély Ilha
    Nardély Ilha
  • 2 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 6 de jul. de 2020

No ano de 2012, a Sociedade Brasileira de Pediatria encomendou uma pesquisa ao Instituto DATAFOLHA sobre o que deixava as crianças mais felizes. Uma espécie de mapa da felicidade infantil. Foram entrevistadas mais de mil e quinhentas crianças entre quatro e dez anos de idade, em diferentes regiões do país.


O resultado não foi nenhuma surpresa.
Resumidamente, a maioria revelou que fica mais alegre quando brinca, pratica esportes, está com outras crianças e quando é dia do seu aniversário. Não gostam de brincar sozinhas e a maior tristeza é estar longe da família! Parece óbvio. O ser humano, desde a infância, relaciona felicidade com a presença de outros com quem possa interagir.

À época dessa pesquisa, o nível de informatização e interação com meios eletrônicos era menos intenso do que hoje, mas acredito que a ideia de felicidade de uma criança não tenha mudado.


Para uma grande parte da população, incluindo crianças, o brinquedo de “esconde-esconde” de antigamente mudou de lugar. Agora muitos estão se “escondendo” atrás de telas eletrônicas. Longe de mim achar que a tecnologia é um problema, mas talvez devêssemos refletir sobre a maneira como a utilizamos.


Um estudo de 2019, da Universidade Federal do Espírito Santo, com mais de 2 mil adolescentes concluiu que 25% deles são dependentes da internet, fator de risco para distúrbios psíquicos, como ansiedade por exemplo.


Antes, uma outra pesquisa de 2018, feito pelo CETIC.br, com quase 3 mil pessoinhas entre 9 e 17 anos, demonstrou uso excessivo de meios eletrônicos por 21% dessa população. Por uso excessivo entende-se quando a criança/adolescente deixa de dormir e comer adequadamente, de interagir com a família por um tempo necessário ao seu desenvolvimento saudável em todos os sentidos.


Essa pandemia histórica que vivenciamos é um inesperado fator de risco para o problema. Atraso de linguagem, distúrbios do sono e do comportamento, sentimento de solidão, dificuldade de interação social, são algumas das consequências que podem ocorrer pelo uso sem limites dos meios eletrônicos. Saibamos usar a tecnologia para aprendizado, informação e algum entretenimento, mas alguns parâmetros são necessários.


Imagem: Arquivo pessoal do autor.

Algumas recomendações pediátricas: para crianças até 2 anos, devemos evitar telas sempre que possível. De 2 a 5 anos, até 1h por dia. De 6 a 10 anos, 2h por dia e após essa idade até 3h diárias.

Parecem números difíceis de se alcançar nos dias de hoje, mas tentar e realizar é preciso. Como as próprias crianças nos ensinaram naquela pesquisa citada no início, a felicidade é um conceito que exige contato humano, sorriso, toque, olhar, abraços, presença física, afeto!


Não permita que uma tela separe por muito tempo o seu filho dos seus braços.

Não é desse isolamento social que precisamos!


Nardély Ilha - Médico Pediatra

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