Os Cristãos e a Queda de Roma – Edward Gibbon
- Mauro Luiz Kaufmann
- 3 de ago. de 2022
- 2 min de leitura
Este livro é um segmento da gigantesca e fenomenal obra ‘Declínio e queda do Império Romano’ (1776-1778), composta em seis volumes e referência clássica ao tema – história romana.
Dos capítulos 15 e 16 publicados nesta edição em 'separata', o autor britânico setecentista Edward Gibbon (1737-1794) traz em relevo as imbricações da seita oriental cristã, que se circunscrevia à região da Judeia e aos descendentes de Abraão, e o poder imperial romano.

Da diáspora hebraica, de uma seita obscura e monoteísta, de um povo vassalo e escravo, da ‘babélica’ de povos conquistados e das inúmeras arestas de poder, libertação e divindades, o autor ilumina fatores preponderantes para o sucesso dos cristãos primitivos e da própria derrocada romana:
I = “Nestas circunstâncias, o cristianismo se oferecia ao mundo armado da força da lei mosaica e liberto do peso de suas cadeias.”
II = “A doutrina de uma vida futura, valorizada por toda e qualquer circunstância ocasional que pudesse dar peso e eficácia a essa importante verdade;”
III = “Os poderes miraculosos atribuídos à Igreja primitiva;”
IV = “A pura e austera moralidade dos cristãos;”
V = “A união e a disciplina da república cristã, que formou aos poucos um Estado independente que se desenvolveu no coração do Império Romano;”
Os novos crentes renegavam a idolatria e o culto personalista dos romanos; rejeitavam os jogos e os ritos de “cerimônias ímpias”. Propunham a universalidade acima das etnias, não havia mais um ‘povo escolhido’, mas um ‘povo de Deus’. De um Deus cheio de exigências, mas que permitia o perdão e, contra o temor tenebroso da morte, o Paraíso eterno!
Portanto, “não era neste mundo” que prazeres eternos se realizavam, permitindo em 'indômita coragem' suportar as mazelas, a escravidão e o martírio para alcançar os campos elíseos.
A concorrência com outros ritos e o paganismo foi vencida pela força do exemplo da fé, dos santos crucificados e jogados na arena e da elaboração filosófica greco-romana. A hierarquia laica do Império de Roma e a sua intelectualidade foi cativada, auxiliando, com seus saberes e posses, a remontar os estilhaços e fragmentos de um império que desfalecia para outro que germinava!
É uma leitura memorável, com linguagem rebuscada, mas objetiva.
Saudações. Agosto 2022.
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