Já se vai mais de um século de 'brumas' da história do surgimento de obra-e-autor, que se indistinguem em quem é o clássico! O sociólogo francês Émile Durkheim, cientista social e desbravador da investigação sociológica fundou os alicerces desta ciência, construiu as 'regras do método' e deu forma a uma área ampla e empírica do saber.
Com o "Suicídio" aplicou o seu regramento para estruturar pesquisa sobre uma área - do morrer - que ficava para explicações psicológicas e de esfera psíquica, doentia, quando 'científica', ou apenas xamânica e religiosa, quando de interpretação sobrenatural.
Durkheim construiu tabelas e agregou números históricos de diferentes países europeus para interpretar, a seguir, esses dados com um tratamento de qualidade científica. Constituiu uma hipótese a ser testada, cuja principal antecipação refutava as origens 'extra-sociais' como causalidade de taxas de suicídios crescentes nas populações. Classificou os tipos de suicídios e os 'tipos sociais' pretensamente associados a esses. E resultou, então, que indivíduos pudessem morrer por seus próprios desejos pelos consequentes relacionamentos conflituosos, por crises amplas em sociedades em crise 'sistêmica'.
Além do que foram futuras e mais atuais condições e métodos de estudos sociológicos, das descobertas de 'esgaçamento' do tecido social, das diversas teorias contemporâneas acerca de abordagens comunicacionais sobre comportamentos e ações sociais, a sociologia como ciência foi constituída por estudiosos como Durkheim, que investiram no método científico como condição de avançar no saber. Da dúvida surge a ciência.
"De fato, se, em vez de enxergá-los apenas como acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e cada um exigindo um exame à parte, considerarmos o conjunto dos suicídios cometidos numa determinada sociedade durante uma determinada unidade de tempo, constataremos que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, uma coleção, mas que constitui por si mesmo um fato novo e sui generis, que tem sua unidade e sua individualidade, por conseguinte sua natureza própria, (...) eminentemente social."
Quem sabe que estudioso luminar não explicará os motivos dos suicídios em épocas de COVID19? De estímulos políticos pela beligerância, intriga e mentiras?
Saudações. Out/2020.
Ótimo texto!!!