Alguém desavisado diria que vivemos a era fake news. Eu diria que a era das notícias falsas nasceu com a humanidade. Passe a vista na história humana e verás como é frequente a disseminação do falso. Se a Verdade liberta, então a Mentira é uma forma de aprisionar ou manter dependente. Assim, humildemente penso eu, o tema notícias falsas é recorrente em Umberto Eco (1932-2016).
Em diversos textos demonstra seu compromisso com a Verdade e com a Liberdade nos alertando como a luta inconsequente pela Fortuna promove a crença e a paixão de acordo com a conveniência e os propósitos.
Em O Pêndulo de Foucault, de 1992 (Il Pendolo di Foucault) nos conta o fascínio dos protagonistas pelo “Grande Plano” e a sua execução os corrompe e os conduz à derrocada. Particularmente me encanta o trecho em que fulana apresenta para beltrano o suposto significado místico dos números: Além do roteiro principal, Umberto Eco nos conduz por diversas histórias onde o desejo de uma verdade ultrapassa a razão.
Lembro de outro texto sobre literatura em que cita umleitor que lhe reclama ter usado a história de um tio nos tempos da Segunda Guerra e Umberto Eco responde que muitos tiveram tios com histórias semelhantes. E aquela máxima sobre a permanente repetição do falso confunde a personalidade do próprio falsário, protagonista de O Cemitério de Praga, de 2010.
Mais uma vez, Umberto Eco nos apresenta a história de grandes planos e conspirações, de como disseminar o falso para justificar o exercício do poder em benefício dos próprios interesses. O famigerado “Protocolo dos Sábios de Sião” foi usado para espalhar o ódio e justificar a guerra e o genocídio. Em sua vasta obra, Umberto Eco repete diversas vezes o conselho do quão cuidadosos devemos ser ao reproduzir e divulgar uma ideia. Mas, afinal, que “Grande Plano” é esse?
Paulo Frandoloso - Médico Pediatra; Jul/2020.
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