O livro aborda as práticas sexuais em tempos gregos e romanos da antiguidade. Da simplicidade e dos tolerantes relacionamentos da época, a autora Vicki León comenta os costumes de vestuário, higiene e banhos, "proeminências" físicas mais interessantes a uma ou outra cidade, como o templo em honra à Vênus Calipígia - do traseiro admirado, ainda hoje preservada em mármore no Museu de Nápoles.
Será que vem desses tempos remotos uma valorização do 'esteatopígio', dito símbolo nacional brasileiro, no corpo feminino?!
Imagem: Vênus Calipígia. Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália.
Mas e o feminismo da época, como andava? Bem obrigado, pois tinha divórcio e herança pelo direito romano e o direito à virgindade. A adoção era uma decisão comum aos casais, para quem pudesse sustentar os afilhados - se não isso, era escravidão! O aborto e uso de ervas poderia ser uma escolha individual, pelo zelo da saúde, visto o alto risco de morrer na gravidez ou no parto, ou no posicionamento das posses da família.
As escolhas de parceiros obedeciam aos desejos de preservação dos dotes em clãs familiares, mas casamentos amorosos e 'eternos enquanto durassem' não eram uma excepcionalidade. Claro, tolerar uma escapadinha, por quaisquer dos parceiros, não chegava a gerar um trauma - "Alto lá, um tempo na relação" ficava para as épocas pecaminosas do futuro cristianismo.
Enfim, uma leitura que recompensa pela cultura desta obra, historicidade de tolerância, demonstração de afeto e libertinagens - que ninguém é de ferro. Como na constituição do 'Batalhão Sagrado' tebano, onde pares de amantes masculinos, inspirados no Banquete de Platão, fizeram história "sendo amantes e amados, (...) abstendo-se de qualquer ato desonroso e emulando uns aos outros na honradez."
Saudações. Set/2020.
Comments