Neste texto teatral, pode-se avaliar o dilema dos choques culturais que tantos povos viveram e continuam a vivenciar. Na Nigéria africana, em uma aldeia Iorubá, a beldade é seduzida por dois homens-polos: um com mensagem de progresso mas com cheiro esquisitices e um outro com a sabedoria ancestral e a segurança dos hábitos partilhados.
Nesta narrativa, o autor circunda valores de libertação, especula rupturas e o progresso de escolas 'europeias' ao mesmo tempo que mantém a 'camisa-de-força' social do dote, do harém e do poder. Veja o que a velha Sadiku sugere ao professor Lakunle...
"Por que você não faz como tantos outros homens já fizeram? Arrende uma fazenda durante a estação de plantio. Uma única colheita bastará para pagar o preço de noivado, mesmo por uma donzela tão bonita quanto Sidi. Ou será que o cheiro da terra molhada é forte demais para suas narinas delicadas?"
O autor, Wole Soyinka, nascido na Nigéria e exilado por críticas e textos, teatros de inconformismos com sucessivas ditaduras e perseguições, é portador desta safra de escritores do pós-colonialismo. Ganhador do Nobel de Literatura de 1986. Nas obras, seguem a disputa pela identidade autóctone ou pelos estrangeirismos.
Saudações. Out/2020.
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