Um grupo de alemães ambiciona viver sob o idealismo de um coletivismo arcaico, regido pela disciplina ariana e por um líder nato, de espírito e raça pura: Dr. Bernhard Förster e sua esposa Elisabeth Nietzsche.
Este experimento supremacista e protonazista se instalou nas selvas Paraguaias em 1870, comprando glebas de terras do ditador de plantão que precisava solucionar as dívidas da guerra perdida para os vizinhos do Prata.
Ficção e realidade se mesclam em fantasia louca e pura, científica e romanesca, lembrando Fitzcarraldo, filme de Werner Herzog de 1887.
A narrativa é descrita pelo capitão Miramontes, parceiro de carnificinas, espião e braço armado para os desafios gloriosos que inundavam a bacia sul-americana do melhor estilo caudilhesco. A interação com indígenas bravios, com as torrenciais e constantes chuvas, isolamento social, o totalitarismo, a pobreza e os vícios humanos põe no atoleiro o sonho fundante da Nova Alemanha – Försterland.
- Todos lamentam o declínio! A doença! A mestiçagem! A mistura! Eles se olham no espelho e vêem a feiura e o vício que os semitas disseminaram. Mas acabou. Eles se contentam em cantar a Germânia sublime e pura que lhes foi narrada na praça da aldeia. Acabou.
A sra. Lisbeth é a querida e distante irmã do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, cada um vivendo uma vida diferente e sonhática – antissemitismo nos pagos Paraguaios e crítica a supremacia racial por lá – cujas experiências são trocadas em cartas doces e cheias de saudades. Uma mente comprimida pela ideologia totalitária, outra em um ápice do pensamento filosófico, mas já trilhando o caminho da loucura pela sífilis.
Assim vive a humanidade. Os aspectos realísticos deste romance podem ser revisados em artigo do El País, publicado em 09 de março de 2023: Nueva Germania, el delírio ario de la hermana de Nietzsche en Paraguay (https://elpais.com/internacional/2023-05-09/nueva-germania-la-utopia-aria-de-la-hermana-de-nietzsche-en-paraguay.html).
Saudações. Setembro de 2023.
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