Na biografia, José Hernández foi caudilhesco de Urquiza, argentino nascido em Buenos Aires e exilado em Santana do Livramento - historiador, político, jornalista e escritor. Por esses volteios já pode se depreender as experiências de vida.
E com Martín Fierro, o autor cria uma ode de vida ao gaucho dos pampas - são trinta e três (XXXIII) Cantos em 1.193 sextilhas (estrofes de seis versos). Haja fôlego nestas horas! É um clássico dos escritos argentinos. Registra a vida rústica e desbragada dos sobreviventes nativos dos pampas, máscula desventura no papel de um gaucho (gaúcho para brasileiros).
Esses 'charruas' do 'deserto argentino' - pampa, patagônia, chaco e todo interior profundo - são imagens de um passado indômito em nossa latinidade. Símbolos dos 'centauros dos pampas', os gauchos são, 'mala suerte', os despossuídos atuais, da pobreza material a uma honradez heróica, os que seguem buscando terra e abrigo, aqueles a que 'la justicia no compete'. - Não confunda (!) com outros mais bem assentados que, em bombachas de favo e brim, trocam os seus cavalos crioulos nos rodeios financiados generosamente pelos bancos públicos do Brasil.
"Canto VIII, (...) 234 Dizem que é gaúcho bêbado, Quando o pilham divertido; logo o chamam de perdido, se alguém no baile o surpreende; anda mal, se se defende, e se não, se vê ... fundido. 235 Não tem filhos, nem mulher, amigos ou protetores, pois todos são seus senhores, sem ter ninguém que o ampare; tem bem a sorte de boi, e onde irá o boi, que não are?"
Saudações. Set/2020.
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