- Nossos heróis morreram de overdose?! Ou elegemos por heróis aqueles sem nenhum caráter?!!
Estridulando de garramento por brasilidade, pus-me atrás destas folhas Andradinas! Que maravilha de folclorismo e maneirismos. De romantismo e sensualidade, de andamento por este Brasilzão afora nas aventuras de Macunaíma, o herói brasileiro sem caráter. Todo ‘apenas’ de sátira sacanagem nacional.
Mas como relata o próprio autor: - Não é modelo e símbolo do Brasil. Também não é uma originalidade esta, a sua criatura Macunaímica. É antes uma rapsódia em cópia do que somos todos nós!!
“Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são!”
Herói nascido índio e brasileiro, nos confins da mata, Macunaíma atravessa terras longínquas, tanto busca por aprendizados e amores, que se confundem com quem é, quem foi, quem somos...
Na carta que “Imperator Macunaíma” escreve a suas amazonas Icamiabas, a São Paulo ‘desvairada’ por seus buzinaços, túneis e máquinas reverberam pelas matas as diferenças européicas, gregas e de modos e finos tratos de ‘brutalidade’ civilizada com a natureza e a brutalidade do sertão. Ou seriam as inocências ‘sem caráter’? E contava:
“Por estas paragens mui civis, os guerreiros chamam-se polícia, grilos, guardas-cívicas, boxistas, legalistas, mazorqueiros, etc.; sendo que alguns desses termos são neologismos absurdos – bagaço nefando com que os desleixados e petimetres conspurcam o bom falar lusitano.”
E com este clássico publicado em 1928, Mário de Andrade irrompe para a Modernidade, para uma referência nacional na literatura, no musiscismo, na crítica, no polilogismo folclórico e no desocultamento de um Brazil sem ‘z’.
Grande leitura! Saudações! Maio de 2022.
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