Tantos e repetidos festejos ufanistas... a gauchada continua a cada ano comemorando a Semana Farroupilha e o Vinte de Setembro - "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra!"
Bom que 'sesse', como diz o carinha! Cada povo, grupo, etnia ou... quadrilha, tem seus agentes unificadores, amalgamando uma herança com o presente e o futuro. Neste livro, o professor, jornalista e estudioso porto-alegrense Juremir Machado faz uma revisão crítica de uma etapa da história Rio-grandense.
Com base em múltiplos documentos e ordenanças militares, imperiais e farroupilhas, o autor averigua e retoma fatos com os quais, rebeldes que entre 1835 a 1845 fundaram a República Rio-Grandense, e os defensores do Império brasileiro, cujo período de Regência ao reinado do jovem Dom Pedro, facilitava levantes separatistas. Dom Pedro II assumiu sua maioridade em 1840, fato que de certo modo reaglutinou defensores da corte imperial.
Mas são os fatos e versões regionais ao RS que são contestados, que, mesmo com risco da anacrônica tomada atual de partido de um ou outro, exige uma leitura da realidade: traições e corrupções, bravura e covardia andavam lada a lado. E é na "entrega" do batalhão dos Lanceiros Negros, de David Canabarro, que se fixa mais a noção de um acordo de paz cuja condição impunha o controle, castigo e morte desse grupo de negros alforriados que lutavam bravamente para concretizar seus sonhos pátrios - vide Batalha de Porongos.
"Esta é a guerra da memória contra a infâmia. Na primeira frente, ainda é preciso obter o reconhecimento de que os mortos eram negros. Na segunda, o reconhecimento com direito à condição de herói pode ser uma estratégia ardilosa para encobrir uma traição."
Portanto, façamos nosso olhar. Verba movent, exempla trahunt - Se as palavras emocionam, e os exemplos arrastam, precisamos pensar a quais modelos seguimos!
Saudações. Set/2020.
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