top of page
Foto do escritorMauro Luiz Kaufmann

Doença como metáfora – AIDS e suas metáforas. Susan Sontag.

A proximidade verdadeira das doenças com o risco de morrer é inquestionável. Assim, os doentes muitas vezes têm sido afastados de nosso convívio, como se esse isolamento melhorasse nossa ‘imunidade coletiva e individual’ – e para as doenças contagiosas está correto! – a morte também estaria vencida.



É nesses termos de ‘vencer-lutar-invadir-gerar defesas-propagação etc’ que a autora Susan Sontag investiga os falares, os registros e as ininterruptas interpretações de algumas doenças: como metáforas. Essas metáforas buscam suavizar as vivências de um câncer e a morte suspeita, controlando ‘invasões’ e ‘avanços a distância’, que no silêncio do corpo nos arrastam para a morte. Suaviza-se e transfere-se assim, com uma linguagem científica ou coloquial os temores presentes da finitude em uma linguagem aceitável.


- Desafiamos a morte desde sempre, com a luta contra a lepra desfigurante, avançamos no arsenal contra a ‘romântica’ tuberculose dos poetas; extirpamos tumores fibróticos e metástases controlando a invasão do câncer; redobramos nossas defesas contra a AIDS e estimulamos o crescimento de novos leucócitos matadores, killers...

A humanidade usa as ‘armas’ da linguagem para tomar fôlego para novas batalhas, vitoriosas ou não, evitando a dura realidade e o sofrimento, como o relatado pelo personagem Ivan, como Tolstói diz na Morte de Ivan Ilitch: “Eu sei e vocês sabem que eu sei que estou morrendo.”


Saudações. Agosto 2023.



14 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page