George Orwell, pseudônimo do inglês Eric Arthur Blair, tem vastíssima e conhecida produção que nos apaixona, como ele também parecia que se apaixonava pelos outros - pela sua bondade, seus sonhos de igualitarismo, pela doação solidária nas lutas e pelo virtuosismo pessoal.
Dentre tantos escritos ficcionais, jornalísticos e análises, esta coletânea de textos traz suas vivências e experimentos, desde internações em albergues e hospitais, as censuras as suas obras e de como 'vagabundeou' pela Inglaterra, tornando as palavras submissas a verdades vividas.
Sobre a internação em Paris, por pneumonia, escreve:
"Na qualidade de paciente não pagante, no uniforme de camisão, a gente era sobretudo um espécime, uma coisa da qual não me ressentia, mas com a qual nunca me acostumei muito bem."
Ainda que ele não relate ter sofrido a inaceitável agressão do epíteto atual aos jornalistas brasileiros - BUNDÕES, sobre a censura de seus escritos na Inglaterra registra:
"Neste país, a covardia intelectual é o pior inimigo que um escritor ou jornalista tem de encarar, e não me parece que esse fato tenha tido a discussão que merece."
E assim, com este Eric inglês, quero homenagear também um amigo brasileiro que, formado dentista na UFSM, animava os comícios com seu Bolero de Ravel ao violino, morou nas ruas e morreu nos braços da família - nasceu Egon Klein e morreu Eric por pseudônimo!
Saudações, Set/2020.
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