COMER, Necessidade, Desejo, Obsessão - Paolo Rossi.
- Mauro Luiz Kaufmann
- 14 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
O autor, Paolo Rossi, é filósofo italiano, historiador da arte e professor, que entre estas e outras áreas do saber, buscou através da psicanálise e estudos assistenciais a campo a compreensão dos desvios relacionados ao COMER, 'da mangiare ed cibo, come se puó dire in italiano'.
E, sem dúvida, sua interpretação do ato primordial e simplório de saciar a fome, manter a sobrevivência biológica pelo ato de comer, atualmente ultrapassa, e muito esta concepção. Comer é, verdadeiramente, uma representação cultural - de áreas e povos em condições de escassez e fome aos superlativos em abundância, obesidade e tecno-produções. O comer inspira, variando das ocasiões ritualísticas religiosas - comer e beber o corpo e sangue - e às catações de lixões, dos banquetes e da primazia a poucos.

Visto então, o comer pode ser também o 'não-comer', não apenas pela falta dos alimentos, mas pela condição doentia a um falso auto-controle anorético. Como a carta de uma jovem, transcrita:
"Comecei a vomitar o que comia. Não para perder peso ou qualquer outra coisa. Pelo simples gosto de cuspir fora aquele alimento que tanto odiava, que tinha tornado impossível a minha vida e que ainda detestava mais que qualquer outra coisa. Era uma bela sensação. Uma sensação de vitória, de força, de liberdade, de leveza... Achava que tinha me tornado invencível e insuperável."
Portanto, superar a nós mesmos, nesse espaço cultural do comer, é como 'harmonizar' (seria a eurexia?!) os espaços e as ofertas da comida, do étnico e local, ao universal e experimentos das diferenças, do escape totalitário do radicalismo verde da alface à ode 'sanguinolenta' da carne. Como não reconhecer ser o que somos em termos de espécie se não, também pela comida? Diga-me o que comes que te direi quem és!!
Saudações. Out/2020.
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