Obra de traições, claro. De morte e cataclismos, mas pelas mãos dos homens - ou pelo homem Caim - ou pelas ordens, desejos e esquecimentos de Deus??
Caim, filho de Adão e Eva, aceita (?) o epíteto de traidor, o algoz humano, o miserável e execrável personagem da história humana. Sim, desde que esse seja o destino traçado pelas linhas tortas das retilíneas intenções divinas!
Imagem: Caim, de Fernand-Anne Piestre Dit Cormon - (Musée d'Orsay, Paris).
"... o que parecia serem batalhas de uma guerra infinita cuja causa primeira já ninguém recordasse, em outros como uma farsa grotesca invariavelmente violenta, uma espécie de contínuo guinhol, áspero, rangente, obsessivo."
O bate-boca segue por várias passagens bíblicas do primeiro testamento, O Velho. O novo ainda não havia nascido. Também já se discutia o teor da verdade - ainda não nascera a pós-verdade!
Alcançaremos algum dia a quitação do pecado original para retornarmos ao paraíso?!
José Saramago, Nobel de Literatura de 2018, faz o orgulho dos lusófonos. Obra vasta, múltiplas abordagens peri-religiosas, muito construiu em seu estilo de longas frases - além das páginas (!), na economicidade dos sinais de pontuação e na instigação de seus conteúdos. Falecido em junho de 2010.
Saudações. Ag/2020.
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