Como ‘ver’ a Arte pelos olhares vazios de um objetivo concreto? Nosso mundo vive da concretude ou, cada vez mais, da fluidez? Sensações e percepções precisam de intérpretes ou somos, individualmente, uma amplitude do todo? Se o artista criador descerra uma amostra de si, o conjunto à mostra supera a representação do ‘em si – de si – para si’ aristotélico, ou desafiadoramente, pode pretender-se aos amplexos coletivos e universalistas?!
O poeta Pedro Vale, da Ilha da Madeira, enviou-me gentilmente o link do seu livro “Azul Instantâneo”.
Divago, devagar, doravante... a boa impressão que colho nos versos e poesias roladas em letras e figuras-de-letras do seu livro. Creio que os poetas precisam do mar, do azul acima e abaixo para refrescar a mente e ofuscar os olhos, como Neruda ou Saramago. Da distorção da areia – como me pareceu ter ficado da foto que fiz... - quando ‘as ondas lambem a praia’ na prosopopeia da língua lusitana, assim dançamos à luz do Azul Instantâneo das poesias.
Talvez um dia recordes
num qualquer espelho torto
quão simples fora a tua salva
e te lembres daquela vez
em que ceáramos apenas meia
laranja e nada de pão naquela casa cega
com o telhado a verter lágrimas
de fel.
Parabéns ao autor! Saudações! Abril 2023
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