Atividade física: começar cedo! Ou, antes tarde do que nunca!
- Nardély Ilha
- 8 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de jun. de 2020
Não pensem que pandemias são coisas de comunistas tentando derrubar algum governo da América Latina. Elas existem desde sempre. São doenças que, em determinado momento, atingem várias regiões do planeta, colocando em risco milhões de pessoas.
Há muitas pandemias entre nós, algumas de doenças crônicas e conhecidas com as quais convivemos há muito tempo. Uma delas é a obesidade. Sim, ela é uma doença, e também um grande fator de risco para outras: o diabetes, a hipertensão, a depressão, alguns tipos de câncer, para citar algumas. Suas causas são variadas, mas hábitos de vida e alimentação inadequada são fundamentais na sua gênese ou no seu agravamento, e aqui quero falar especificamente do sedentarismo.
Praticar alguma atividade física melhora o humor, a circulação sanguínea, o sistema cardiovascular, o sono, a performance sexual, o raciocínio, o sistema imunológico, a coordenação motora, a força muscular, o equilíbrio e, dentre essas tantas coisas, a autoestima. E devemos ou deveríamos começar onde quase tudo começa, na infância.
E agora falo aos pais! Bebês desde cedo devem ser estimulados a virar a cabeça em direção a algum som, movimentar os pequenos braços, pedalar com suas perninhas uma bicicleta imaginária. Quando estiverem no chão, seguros e sempre com um adulto por perto, encorajá-los a percorrer o tapete mágico, desviar das tomadas e vasos de plantas, e aterrissarem sorridentes num colo afetuoso.
Até dois anos de idade, não deveriam conhecer telas de celulares ou qualquer outra praga semelhante. Após os três anos, devem ser estimulados a correr, pular, andar de bicicleta, jogar bola, nadar, dançar. Tudo de forma lúdica e que lhes cause prazer. Evitar o sedentarismo desde sempre.
Na idade escolar, já terão habilidades e coordenação motora para se apaixonar por algum esporte, ou simplesmente praticar qualquer atividade física por simples prazer e hábito adquirido.

Imagem: "Roda da Rosa" - Edward Potthast (1857-1927) https://images.app.goo.gl/ADJNgmVrF5P9py9u7
Práticas competitivas que exijam força e potência só devem ocorrer próximo à adolescência. Uma criança que crescer assim, estimulada ao movimento, terá grandes chances de ser um adulto não sedentário, meio caminho para uma vida saudável. E será, certamente, uma criança sociável e feliz.
Nesta pandemia viral, de quarentenas angustiantes, use a criatividade. Aulas online de danças ou ginástica, pular corda, fazer do sofá uma montanha, fazer guerra de travesseiros. Vale tudo na guerra contra a inatividade. Sempre com segurança!
"A vida é simples, pelo menos na teoria: não fumar, permanecer magro, fazer atividades físicas, comer de forma saudável e controlar a pressão arterial, o colesterol e a glicose. Se essas coisas estão sob controle, a mortalidade cardiovascular se reduz em 76%."
Essas palavras são do médico espanhol Miguel Ángel Martínez-González, professor e pesquisador da área de nutrição, com livros e trabalhos publicados sobre o assunto.
"Pelo menos na teoria", porque na prática a vida nos desarruma os conceitos. Especificamente em relação à atividade física, deveríamos fazer um esforço, nos esquivar das complexidades criadas, às vezes, por nós mesmos, e encararmos o problema (?) de frente, de preferência em movimento ... andando, correndo, pedalando, dançando, pulando (não o problema), chutando (o balde, eventualmente), flexionando (as ideias), empurrando (não com a barriga), nadando contra a inércia.
E rumo a uma velhice serena e lúcida, já sem as energias da infância, mas com suas melhores lembranças!
Nardély Ilha - Médico Pediatra
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