Autora gaúcha com tema regional? Sim e não. O livro mostra o período das migrações do campo para a cidade. Seus personagens vivem neste romance sob constante luzes e sombras dos costumes das estâncias gaúchas e das descobertas das novidades das cidades.
Das rezas e benzeduras, fé legitimas dos que vivem apartados em invernadas e capões de restingas, surgem amores escondidos e escravizados pelas circunstâncias. Nas condições elitizadas nos colégios e internatos para a elite rural, revolutam-se novos sonhos e estrangeirismos. Entrechoque da história regional gaúcha e nacional, usos e costumes que serão também recortes da vida do próprio século XX, sem forçar a mão, estudados por E. Hobsbawm no seu "Século dos Extremos".
Enfim, inspira-me o livro especial "recuerdo" as minhas próprias vivências de interior-urbano, com suas alegrias e saudades que também são coletivas a muitos. Como nas cartas e aerogramas despechados, na angústias de notícias e respostas de uns "próprios" ou via rádio. Vide a carta do personagem Mathias a seu pai, do Rio de Janeiro à São Borja:
"Não, não te preocupes, não estou apenas me divertindo. Aproveito o fato dos gaúchos "estarem na moda" na Capital Federal para fazer contatos, novos conhecimentos que certamente nos serão úteis."
Mai/2020.
Saudações.
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