No século IV a.C., Eurípides escrevia peças teatrais para serem vistas por plateias gregas em seus anfiteatros de pedra – donde atores não viravam as costas para o público, pois tudo era visto e ouvido, inclusive pelas costas!
As Troianas foi um sucesso de interpretação da herança oral, medieval e mítica da queda Troia, ou Ílion, da nossa Ilíada ... Foi o rapto de uma mulher a motivação da guerra ou foi o brio masculino de Menelau, ou o ímpeto dominador e vingativo de Agamémnon – que sacrificou a própria filha aos Deuses para colher bons ventos - que levaram a anos de cerco e da destruição de Troia?
Teria sido o amor de Helena e Páris o mote da disputa?! Pode o bem querer, as ‘pulsões de vida’, de ‘eros’, segundo Freud... levarem à vida, ou à morte?!
Nesta obra as escravizadas, vilipendiadas, odiadas e submissas mulheres de Troia choram a derrota. Lamenta Andrômaca sobre o túmulo de Heitor:
“Ai! Filho a mim tão caro, que amo mais que tudo, com tua morte, abandonaste a mãe tristíssima. A nobreza do pai, que a tantos preservou, foi fatal para ti. ... Estreita quem te deu à luz, envolve o colo com um e outro braço, traz aos meus teus lábios.”
Neste terrífico balanço entre vitoriosos e derrotados, o papel das mulheres, sempre na mesma posição: subalterna. Nos humanos-Deuses e ‘Deidades puras’, correm as alegorias teatrais gregas, o clamor alcança o Olimpo.
Diz em sábias palavras o tradutor Trajano Vieira:
“A ruína da magnitude épica expõe a incontornável fragilidade humana, não mais sob o véu da idealidade, mas sob a luza da miséria e da submissão.”
Fica, com esta obra e apresentação, uma homenagem às mulheres no seu dia - 08 de março!! Parabéns!
Saudações, março 2024.
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