Quem conta um conto aumenta um ponto! Os contos russos, neste caso, aumentam os pontos - literalmente, em suas suturas, e alegoricamente, como escritor - do médico Mikhail Bulgákov!
Logo após sua formatura, Bulgákov é designado para um pequeno povoado rural da Rússia, onde registra em diários seus pacientes, feitos e desfeitos, e sua performance profissional. O escritor dribla a nascente censura dos soviets, conselhos operários, com publicação em fascículos inseridos em revistas da área médica. Período de 1916-1920..., Revolução Russa.
Com uma linguagem direta sobre doentes e doenças, as reflexões sobre o ambiente nevado e inóspito das estepes, os hábitos dos mujiques e o próprio desconsolo do isolamento, surge um enredo de rápidos desfechos.
"Os postes de iluminação mais próximos estão a quarenta verstas, na capital da província. Lá a vida é doce. Há um cinema, lojas. Enquanto a neve uiva e cai em massa nos campos, na tela, talvez, um caniço flutua, palmeiras balançam, cintila uma ilha tropical... - E nós aqui sozinhos"
A carreira de escritor acaba se fortalecendo até o abandono da medicina, principalmente pelos seus roteiros para peças teatrais. O conjunto da obra, contudo, acaba sendo publicada e valorizada mais após sua morte, em 1940.
Me identifiquei pessoalmente com os contos, pela objetividade, novela descritiva e solitária de alguém que sobrevive contra as doenças e o clima. Nem parecia estar à curta distância de uma luta revolucionária que marcou o fim de um império, para sustentar outro.
Saudações. Mar2021.
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