Li este livro há mais tempo, 2011, masparece muito mais atual para tempos "covidianos" de 2020. Romance de 1947 (269 pg.): caixas de lixo pelas ruas, mortandade, ... em sua opinião..., madrugadas, sarjetas, subúrbios, ... problema comum a todos..., ocupações habituais, etc. Expressões atualizadas à "nossa" Pandemia!
No caso do livro, passa-se em um cidade argelina, Oran. Mas a arte que imita a vida, e agora, vingando-se, a vida imita a si mesma que imita a arte, está estacionada nas sombras de um vírus. Pois voltemos à obra literária, mais abstrata para descrever a mesma sensação de impotência, mesma revolta pelo inesperado, culpa existencial - pois existo (?!), de onde e para onde vamos com nossos tormentos internos, ou estrangeiros (outro livro de Camus!)?
Os ratos que envolviam a culpa da contaminação da peste bastavam mais para unificar as respostas quando ainda existiam algumas perguntas:
"Sim, era preciso recomeçar e a peste não esquecia ninguém por muito tempo. Durante o mês de dezembro, ela ardeu nos peitos dos nossos concidadãos, iluminou o forno, povoou os acampamentos sombrios das mãos vazias, não deixou, enfim, de progredir, paciente e sincopada."
Quando a peste termina, o autor explicita em seus personagens sobre como uma sombra nos encobre, um futuro temível pode sempre estar a nossa espreita - o futuro de nós mesmos pertence a nós. Quantos acampamentos e fornos terão que arder? Quanto fumaça terá que vencer nosso esforço, experimentar os limites de nossos pulmões para, redentoramente o mundo voltar a ser o Éden? "Mas a exuberância banal não dizia tudo, e os que enchiam as ruas ao fim da tarde, ao lado de Rambert, disfarçavam muitas vezes, sob uma atitude plácida, felicidades mais delicadas."
Boa leitura.
Saudações.
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