Esta não é uma obra ficcional, mesmo passando por áreas quase imaginárias e inacessíveis: o perímetro, os limites, a vastidão, ... A Fronteira da Rússia!
O diário ‘de bordo’ da norueguesa Erika Fatland nos faz ver muitas dessas nuances, de períodos históricos antigos e atuais, envoltos por icebergs ou cobertos pela taiga, pelas nuvens atômicas de Chernobyl, desertos secos e úmidos. A Rússia é oriente e ocidente, Europa e Ásia, extensões de mares e braços de terra.
Sua extensão gigantesca envolve o hemisfério norte como uma cinta, de leste à oeste. Os povos e nações visitados nesta fronteira viva refletem a ‘respiração’ dessas vastidões – inspiram e expiram conforme a grande nação dorme ou se agita. Uma babélica tangência de culturas que tenta se autoafirmar, abraçando ou rejeitando aos interesses da czares e sua servidão crônica, às imposições revolucionárias dos sovietes, ao armamentismo da guerra, fria ou quente.
“Djabal al-alsun, ‘montanha de línguas’, ‘um monte de idiomas’. O Cáucaso não é apenas a região no mundo em que mais idiomas são falados proporcionalmente à área territorial. É também, e não chega a surpreender, uma das regiões que concentram a maior diversidade étnica do planeta.”
Bizantinos, circassianos, ossetas, alanos, citas, georgianos... fazem parte do mosaico da fronteira da Rússia, na cultura, nos idiomas, na história. Mesmo aos parceiros das fronteiras russas sobram dúvidas da genuína parceria:
“... a invasão japonesa da Mandchúria, ... a corresponsabilidade dos poloneses no extermínio dos judeus, bem como a deportação de 1 milhão de poloneses para campos Gulag em 1940 e os três milhões de prisioneiros de guerra soviéticos que os nazistas deliberadamente deixaram morrer de fome.”
Assim, no aprendizado de mais uma leitura, agradeço ao amigo Guga Moraes pela valiosa sugestão! E da mesma autora, há outra publicação indicada sobre a Rússia: Sovietistão.
Saudações, março 2024.
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