Vivenciei com esta leitura muita satisfação. Eufemisticamente, a ‘descoberta’ de “A conquista da América...” tem especial sabor de inteligência, historicidade, profundidade e tratamento filosófico.
O que me parece distingui-la, dentre outras leituras sobre as navegações e chegada de europeus na América, é o tratamento subtitular da ‘questão do outro’: a alteridade entre sujeitos e entre sociedades. O filósofo búlgaro Todorov baliza sua análise objetivamente com fatos e circunstâncias, com descrição do comportamento de personagens reais e de um conflito histórico que reorientou a bússola da humanidade para o novo ocidente e, esta objetificação, nos papéis conflituosos do eu-e-do-outro, da relação entre os diferentes.
As diferenças são apresentadas para o ambiente da Mesoamérica, entre um mundo novo e o velho mundo europeu. Diferenças culturais e tecnológicas entre invasores e vítimas, entre colonizadores e escravizados, entre valores e seus objetos simbólicos – ouro, deuses, linguagens etc. E assim, diferenças que balizam os inferiores dos superiores, os poderosos dos subjugados.
- Na chegada de Colombo, não havia outro, apenas listagens exóticas de criaturas diversas; na invasão e destruição dos Maias e Astecas, entre Montezuma e Cortez, havia um povo a dominar o outro; na conversão cristã havia o crente e o pagão; na tecnologia havia a pólvora, espada e cavalos lutando contra os flecheiros, a corte de emplumados e o deus Sol; na estratégia havia meia dúzia de espanhóis e seus aliados e milhares de astecas e tribos vassalas - que já ansiavam pela libertação por outro senhor...
Assim, uma grata e edificante leitura sobre diferentes circunstâncias onde os povos se encontram e combatem. As referências primárias citadas neste livro dignificam qualquer biblioteca histórica.
Saudações! Agosto 2023.
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